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MEDICAR significa tratar uma enfermidade por meio de medicamentos prescritos pela classe médica, capacitada e competente para tal.
MEDICALIZAR por outro lado, se trata de resumir a vida, os problemas sociais ou culturais como sendo problemas unicamente médicos. Transformando questões coletivas, que requerem uma abordagem sistêmica e pluridisciplinar, em problemas individuais de cunho psiquiátrico e apresentando como saída a prescrição de medicamentos. De uma maneira mais simplificada, medicalizar é o processo de reduzir um sujeito a uma categoria e tratá-lo como sua própria patologia, sem olhar para o ser humano que se apresenta em seu tão diverso contexto e história.
A loucura, os transtornos mentais e a saúde mental ao longo da história são experiências de vida comumente associadas à contenção e agressividade. Oclusão de crânio no período Neolítico; eméticos e sanguessugas na Idade Média e o isolamento nas instituições religiosas no século XVI são alguns marcos dessa trajetória. Simplificando mais ainda, medicalização é uma maneira de dominação.
Levantar todas essas questões e apontar para a falácia da medicalização não é ser contra medicamentos. O sofrimento psíquico e emocional pode não ser localizado em um exame laboratorial, mas isso não invalida sua existência e muito menos a utilização da ciência em seu tratamento.
Com responsabilidade, critério e conhecimento os remédios estão presentes na vida de qualquer ser humano em qualquer situação de adoecimento, mas não são a única saída e também não são uma saída por si só.
Freud em 1972, disse:
“O futuro nos ensinará a agir diretamente sobre as massas de energia e sua distribuição no aparelho psíquico graças a substâncias químicas especiais. Talvez ainda surjam outras possibilidades de terapia, até então insuspeitas”.
A resposta não é apenas medicar, mas entender quando e como deve-se remediar. É conhecer consequências e riscos. É um tratamento completo e complexo, considerando as possibilidades terapêuticas disponíveis. É fazer um trabalho ético e responsável.
Por Alessandra Azevedo
CRP 06.162000
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