O amor pode existir sem sexo e isso a História do casamento, por exemplo, nos conta já há muitos anos. O sexo pode existir sem amor? A sociedade contemporânea e seus tantos formatos de relacionamento também nos mostram que sim.
Dessa vez, proponho desfazer qualquer possível afirmação. Se a linguagem nunca deu e nunca vai dar conta do real, insisto em dizer. Mas me conta você também: em que momento da vida a gente aprende que sexo vem depois do amor? O que é o amor para você? Qual é a sua história? Sexo e amor tem sequência certa a ser seguida? Como é que aconteceu na sua vida? Ou então...será mesmo que não é preciso pôr ordem nessa trama?
Que fronteira é essa?
Localizo minha pergunta precisamente na fronteira entre o amor e o sexo, na separação essa que se faz de um e de outro. Vejo mais definida a falta de definição.
Se o sexo é aquele cujo vínculo se cria nele próprio, ensimesmado, então o amor é aquele que contém o gérmen da transformação? Diria que o amor tem mesmo o dom de tornar subjetivo o ato sexual, de fazer dos afetos objetos, fantasiar os mais improváveis (e até impossíveis) sujeitos e suas atuações. O amor tem a pachorra de fazer do sexo algo profundo e potente!
No espaço de tempo do agora se tornou possível repensar o lugar do amor e do sexo. Parece-me cada vez mais urgente também pensar em que lugar você se situa diante das relações de amor e sexo que vive.
Acrescento à esse "dedo de prosa" um poema de Octavio Paz (1993).
"A chama é a parte mais sutil do fogo e se eleva em figura piramidal. O fogo original e primordial, a sexualidade, levanta a chama vermelha do erotismo, e esta por sua vez, sustenta outra chama, azul e trêmula: a do amor."
Por Alessandra Azevedo
CRP 06/162000
Comments