Para falarmos do assunto de hoje, antes gostaria de te perguntar: você se recorda em que ano descobriu a existência da bebida alcoólica e seu consumo?
Primeiro, vamos desmistificar uma coisa: o uso de substâncias psicoativas sempre acompanhou a humanidade! Não por acaso, existem mais de 200 tipos de compostos orgânicos pelo mundo capazes de alterar a percepção, sensação e humor. Trata-se de um tema bastante controverso: por um lado, os usos medicinais, ritualísticos e recreativos das drogas são parte inerente à humanidade; por outro, o uso problemático de drogas é um fenômeno que desafia à todes como uma questão de saúde pública.
O uso abusivo de substâncias ou (toxicomania) é um dos fatores de risco para o suicídio. A OMS registrou que 25% dos casos de suicídio está associado ao uso de álcool em 2019. Para compreendermos essa relação, é necessário ressaltar o caráter social desse uso. Alguns itens para identificação de uso abusivo de álcool são: necessidade de uso diário de álcool para o funcionamento adequado; a ingestão regular e maciça de bebidas alcoólicas, limitada aos finais de semana; e longos períodos de abstinência intercalados com períodos de uso excessivo que duram desde semanas até meses.
Quando observamos os parâmetros estabelecidos pelos órgãos de saúde para identificação de uso abusivo acima, podemos perceber que grande parte da população brasileira se identifica com pelo menos uma das características, reafirmando, novamente, que o uso de substâncias está indissociável às práticas culturais.
Sabemos que em nossa cultura, o uso de álcool e outras drogas caracteriza tanto momentos de celebração como momentos de frustração e tristeza. O famoso “afogar as mágoas”, sabe? Pois é... não é difícil imaginarmos uma pessoa em situação de vulnerabilidade social (pobreza, desemprego) ou afetiva (solidão, falta de rede de apoio, perda de alguém importante) querer “afogar” esses elementos com algum tipo de entorpecimento. E quando isso se torna recorrente? Ou a única válvula de escape? Sabemos que o suicidio é uma questão multifatorial. O uso abusivo de substâncias (toxicomania) é um desses fatores de risco para o suicídio. A OMS registrou que 25% dos casos de suicídio está associado ao uso de álcool em 2019. Portanto o uso exagerado do álcool é uma doença bio-psicossocial que merece atenção da saúde pública, além de causar diversas comorbidades é responsável por rompimentos familiares, baixa autoestima, dificuldades laborais entre outras, que conduzem o indivíduo à morte por doenças em decorrência do uso abusivo como também por suicídio.
Não se trata de julgar, negar ou achar culpados pelo uso, afinal de contas, estamos falando de uma doença que pode ter graves consequências como o suicidio e precisa ser cuidada com a atenção multidisciplinar.
![](https://static.wixstatic.com/media/f1afe4_404d82f167874c069bdaa9d3f75628c4~mv2.png/v1/fill/w_750,h_400,al_c,q_85,enc_auto/f1afe4_404d82f167874c069bdaa9d3f75628c4~mv2.png)
Apesar de tudo, o ser humano busca, a princípio, prazer e satisfação no uso de substâncias, e... Não é tão diferente na vida! O encontro de outras fontes de prazer é um dos recursos para o cuidado e preservação da saúde emocional. Diante de todo cenário atual de isolamento e crise, fica o desafio para nós: o que você faz ou onde busca outras fontes de prazer/satisfação/vida?
Por Bartira Ramos Gonçalves
CRP 06/143526
Comments